quinta-feira, 18 de março de 2010

Lafayete Diógenes Maia na Fazenda Melancia

Por Licurgo Nunes Quarto

Caríssimos parentes, esta foto, além de histórica, nos é muito significativa e de um valor estimativo enorme,
principalmente para os das décadas de 40, 50 e 60 (pois os nascidos
nestas épocas conviverem na Fazenda dos avós
Lafayete/Alzira). Ela retrata o nosso Avô Lafayete na "quina", no "canto" da calçada da casa grande da Fazenda Melancia, observando o gado saindo do curral, passando no terreiro - no pátio da casa grande – indo pastar na manga.

Fazenda Melancia que Lafayete tanto gostava e que, depois do seu falecimento, passou a ser administrada por nossa Avó Alzira. E aí como era gostoso passar férias na Fazenda da Avó. Como ela, coadjuvada por Maria Elisa Fernandes, nossa Bisavó, carinhosamente chamada por "Mãeinha”, tratavam bem os netos que por lá aportavam. O queijo de manteiga, feito por Mãeinha – um verdadeiro “manjar dos deuses” – ainda guardo o sabor – inigualável - e de uma palatabilidade nunca mais percebida.

A Melancia, para os menos informados, não só é uma das maiores propriedades do Alto Oeste Potiguar, como é uma das melhores, tanto para o cultivo da agricultura, como para a pecuária, pois a sua topografia, o seu relevo – constituído por terras baixas, úmidas, e altiplanos, favorece à prática da criação de bovinos, ovinos e caprinos, bem como ao cultivo de quase todas culturas agrícolas, como arroz, feijão, milho e algodão (quando ainda não existia o “bicudo”, praga que dizimou essa cultura). Com muitos "baixios", é excelente para o plantio de cana de açúcar, e, conseqüentemente, a fabricação de mel de engenho, rapadura, alfenim e batida (a qualidade da rapadura nela produzida é sem igual, e ainda hoje serve de parâmetro para as demais produzidas nas diversas fazendas existente no oeste do Estado. A rapadura produzida na Melancia, dizia minha Mãe Cristina, é "doce como mel de abelha, e amarela como bronze").

Se atentarem bem para a foto, hão de perceber uma "varanda" de madeira, com tábuas entalhadas, na vertical, uma ao lado da outra. Era "um para-peito", que delimitava – que separava - o alpendre da calçada. A referida varanda foi feita pelo mestre Casciano Vidal, que era cunhado de "Mãeinha", pois era casado com Maria Fernandes Vidal, tia "Maroca". O mestre Casciano, além de construir a casa grande da Fazenda, e a sua respectiva varanda, edificou o prédio do engenho de rapadura, tendo inclusive montado o próprio engenho (o maquinário), importado da Inglaterra. Ele também era excelente "mestre de rapadura", e, como tal, foi responsável por "tirar" (por fabricar) a referida safra por alguns anos.

A proximidade da Fazenda à Cidade de Pau dos Ferros, facilitava o escoamento dos produtos por ela produzidos, tanto é que, diariamente, e cedinho, saía uma carroça, tangida por Rubens (morador da Fazenda) com destino à urbe, levando o leite, o queijo, a carne de criação e qualquer outro insumo por lá produzido e que estivesse sobrando do consumo interno.
Segundo Lafayete Diógenes, a melancia só tinha um defeito, qual seja o de ficar localizada ao poente em relação a Pau dos Ferros, pois, quando ele vinha cedo da Melancia para Pau dos Ferros, a cavalo, encarava o sol bem de frente, e, quando voltava a tarde, “pegava” novamente o sol à sua frente. E ele, por ser branco, avermelhado, sofria muito, "queimava" muito a pele.

Um comentário:

  1. Nascido em Pau dos Ferros - RN, vim para Brasília-DF com 4 anos, no início da década de 60. Passei a minha infância ouvindo meu pai e minha mãe contarem, saudosos, as histórias envolvendo a Melancia.
    Mesmo sem tê-los claramente na memória, soa-me familiar nomes como: Dona Alzira; Doutor Licurgo, compadre Luís Diógenes, compadre Pedro Diógenes,etc.
    Fiquei bastante satisfeito e emocionado em ver a imagem do local onde meu velho pai já morou e por ter sido ele (Rubens) citado no artigo.
    Acho que minha mãe ("Maria de Rubens" ou Maria Vaqueira) vai chorar ao ver a imagem.

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