segunda-feira, 22 de março de 2010

Genealogia de Domingos Paes Botão a Napoleão Diógenes Paes Botão

Por Kennedy Diógenes

Este artigo é a primeira parte, de três, da Genealogia da Família Diógenes, onde pretende reproduzir os ancestrais nascidos entre os anos de 1686 e 1870 (séculos XVII a XIX), ou seja, do Cap. Domingos Paes Botão até Napoleão Diógenes Paes Botão.

As segunda e terceira partes são, respectivamente, a genealogia dos filhos, netos e bisnetos de Napoleão Diógenes Paes Botão, e, posteriormente, uma série chamada “Biografias”, onde se fará a síntese da vida dos homens e mulheres da Família Diógenes que ajudaram a talhar o caráter e valores familiares.

Registre-se que tal tarefa somente é possível pela cooperação e disposição altruística de primos como Licurgo Nunes Quarto e Márcio Luis Diógenes.

I – A chegada de Domingos Paes Botão no Brasil.

Nos idos de 1686, os ventos do noroeste trouxeram as naus com a Missão dos Homens de São Francisco, denominada assim pelo fato de navegarem neste rio a partir de Pernambuco, e com ela, um jovem oficial oriundo de Botão, Concelho e Distrito de Coimbra, chamado de Domingos Paes Botão.

Da chegada de Domingos (sênior) até os dias atuais (de 1686 a 2010) são 324 anos de história da Família Diógenes, estimando-se em 8 (oito) Gerações, considerando-se até os netos de Napoleão Diógenes Paes Botão e Cristina Fernandes Maia.

É possível, com base nas pesquisas de Augusto Lima e Plínio Diógenes, estabelecer-se uma seqüência lógica de ascendentes que remonta ao Capitão-Mor Domingos Paes Botão (sênior), podendo haver uma ou outra discussão acerca de alguns nomes, como, por exemplo, o do patriarca da família, filho do Cap. Domingos Paes Botão (sênior), que seria Manoel Diógenes Paes Botão, na visão de Augusto Lima, ou simplesmente Diógenes Paes Botão, na visão de Plínio Diógenes.

O fato é que, após a sua chegada ao Brasil, por volta de 1686, o Capitão-Mor Domingos Paes Botão (sênior), juntamente com os irmãos José da Fonseca Ferreira e Antônio da Fonseca Ferreira, requereram uma data de ocupação de 40 léguas no Médio Jaguaribe, estabelecendo-se, Domingos (sênior), na Região de Santa Rosa, atualmente Jaguaribara/CE, o que representou o primeiro grande desafio de colonização desta região sertaneja do Ceará, pois confrontou forte resistência dos índios Tapuias.

Nessa meia-noite da colonização brasileira, os índios aguerridos e em maior número, lançavam-se, em defesa de sua terra, contra os “invasores”, forçando ao Cap. Domingos Paes Botão, após um ataque onde perdeu vários homens de sua tropa (segundo Plínio Diógenes, 11 homens), a mudar-se para o litoral, em Aquiraz/CE, onde requereu uma data de ocupação no lugar denominado Rio mal Cozinhado, atual município de Cascavel/CE, mantendo esta propriedade na mãos da família por várias gerações.

Também é fato que Domingos Paes Botão (sênior), após o deslocamento para o litoral, enveredou-se na Política, onde foi eleito Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Aquiraz, casando-se, nessa mesma época, em Pernambuco, com Sebastiana da Assunção Fonseca Ferreira, irmã de José da Fonseca Ferreira e Antônio da Fonseca Ferreira, sesmeiros e companheiros de Domingos e integrantes da Missão dos Homens de São Francisco, como já explicitado no artigo “O Patriarca da Família Diógenes”.

Depois de vários anos, Domingos Paes Botão e Sebastiana da Assunção resolveram retornar à Região de Santa Rosa, já pacificada, onde tiveram dois filhos “legítimos”, Genoveva Maria da Assunção e Manoel Diógenes Paes Botão, além de uma “filha exposta” (adotava, de criação ou enteada) chamada Isabel Eça.

Supõe-se que Domingos Paes Botão tenha se casado duas vezes, com duas irmãs, Maria e Sebastiana, como era de costume nos casos de viuvez, pois no registro do seu filho mais novo, (Manoel) Diógenes Paes Botão, consta, como mãe, Maria da Fonseca, e não Sebastiana, ou, simplesmente, Maria seria nome composto de Sebastiana (Sebastiana Maria da Assunção Fonseca Ferreira).

Portanto, tem-se, abaixo, uma síntese da árvore genealógica, concentrando-se na linhagem que chegou a Napoleão Diógenes Paes Botão:

II – Genealogia – de Domingos a Napoleão.

Marco inicial: Capitão-Mor Domingos Paes Botão, português natural da freguesia de Botão, Concelho e Distrito de Coimbra, foi casado com Sebastiana e/ou Maria da Assunção Fonseca Ferreira, e tiveram dois filhos: Genoveva da Assunção e Manoel Diógenes Paes Botão e uma “filha exposta”, Isabel Eça.

Os filhos de Domingos Paes Botão (sênior) e Sebastiana da Assunção:

1. Genoveva da Assunção, natural do Rio São Francisco, casou-se, possivelmente, em 1709 (data transmitida oralmente), com o sobrinho de Domingos sênior, Sargento-Mor Manoel Peixoto da Silva Távora, sesmeiro, natural da Freguesia de Távora (Santa Maria), Concelho de Arco de Valdevez, Distrito de Viana do Castelo, Portugal, e tiveram quatro filhas, quais sejam Isabel da Silva Távora, Teresa de Jesus Maria, Maria Francisca Peixota (álibi Maria d´Afonsequa) e Ana Maria de Jesus (álibi Ana Maria Peixota), iniciando a Família Távora.

2. Isabel Eça, filha exposta da qual não se possui, ainda, informações ou documentos que revelem seu destino.

3. (Manoel) Diógenes Paes Botão, Alferes (equivalente ao posto de Segundo-Tenente), político (foi vereador e Presidente da Câmara Municipal de Icó), é o primeiro desta linhagem a receber o nome Diógenes, sendo o patriarca da Família. Nasceu por volta do ano de 1698, e foi batizado na Capela de Gonçalo do Potengi, no Rio Grande do Norte, segundo Certidão de Batismo encontrada nos Livros Eclesiásticos desta Freguesia. Então, casou-se com Antônia da Rocha Tavares, álibi Antônia da Purificação, filha mais velha de Luís Paes Botão, natural do Reino de Angola, e Josefa Ferreira da Rocha Tavares, natural do Icó, e tiveram três filhos, além de uma “filha exposta”, chamada de Luiza de Melo Rocha. Diógenes faleceu em 14.08.1769 na freguesia do Icó, sendo sepultado na Igreja Matriz N.Sª. da Expectação.

Os Filhos de (Manoel) Diógenes Paes Botão e Antônia da Purificação:

3.1. Diogo Diógenes Paes Botão, pelo que registrou Plínio Diógenes Botão (Genealogia das Famílias Távora, Diógenes e Pinheiro), exerceu a função de Juiz de Paz em Icó, tendo emigrado, posteriormente, para Aquiraz/CE, onde ocupou a sesmaria requerida pelo avô (Domingos sênior) no lugar denominado Rio Mal Cozinhado. Não há notícias de casamentos e/ou filhos.

3.2. Luiza de Melo Rocha, filha exposta, álibi Luiza da Rocha Tavares, nascida na freguesia do Icó e casou-se com Manoel da Silva Monteiro, de Pernambuco.

3.3. Capitão Cosme Diógenes Paes Botão: há poucos registros sobre ele. Viveu com Maria dos Prazeres, que a tradição oral diz ser oriunda da família Saldanha. Cosme e Maria tiveram um filho natural, Bernardo da Costa Pereira, que se casou com Joana da Silva em 26.11.1772 (nesta data, Cosme já era falecido). Interessante que a noiva de Bernardo, Joana da Silva, era filha exposta de Luiza de Melo Rocha e Manoel da Silva Monteiro.

3.4. Cel. Domingos Paes Botão (segundo), nascido na freguesia do Icó, Coronel de Cavalaria do Icó/CE, participou de vários conflitos que serão detalhados posteriormente, após a finalização das pesquisas. Casou-se em 23.09.1778 com Teresa de Jesus Maria, egressa de Pernambuco e sua prima legítima, filha de sua tia paterna homônima, Teresa de Jesus Maria, casada com o Licenciado Miguel da Silva, este da família Saldanha. Durante o seu matrimônio com a prima, Cel. Domingos Paes Botão (segundo) manteve um concubinato com uma índia do Ceará, possivelmente da tribo Tapuia, chamada Narcisa Dias, com quem teve um filho natural chamado de Quirino de Oliveira. Chama a atenção, Augusto Lima, que, possivelmente, seja este relacionamento de Domingos com uma índia que tenha originado a lenda da Índia Antônia da Purificação, uma vez que a tradição oral tenta melhorar a imagem familiar, pois, naquela época, havia mais status em se casar com índia do que com mulata, filha de escravo alforriado.

Os filhos de Domingos Paes Botão (segundo) e Teresa de Jesus Maria:

3.4.1. Damião Diógenes Paes Botão: não há registros sobre ele.

3.4.2. Maria Paes Botão casou-se com Manoel Antônio Pinheiro, o Manoel das Maretas, irmão de Francisca Maria das Chagas de Jesus, esposa de Domingos Paes Botão Junior (terceiro).

3.4.3. Cosme Diógenes Paes Botão Sobrinho: não há registros sobre ele.

3.4.4. Antônio Paes Botão: o único registro é de seu nascimento, em 16.02.1779..

3.4.5. Capitão Domingos Paes Botão Júnior (terceiro) casou-se com Francisca Maria das Chagas de Jesus, filha de Manoel Pinheiro Landim e de Rita Francisca da Conceição. Domingos (terceiro), logo, era cunhado duplamente de Manoel Antônio Pinheiro, este apelidado de Manoel Antônio das Maretas, pois este, além de ser irmão da mulher de Domingos, também era casado com sua irmã, Maria Paes Botão.

Os filhos de Domingos Paes Botão Júnior (terceiro) e Fca. Maria das Chagas de Jesus:

3.4.5.1. Antônio Paes Botão (sobrinho): a única informação é que morreu solteiro (inupto) em Poço dos Dantas, no Estado de Pernambuco.

3.4.5.2. Joaquim Supriano Paes Botão, a única informação sobre Joaquim é que se casou três vezes no Apodi/RN, deixando grande prole naquela região.

3.4.5.3. Manoel Diógenes Paes Botão, que casou com Joaquina da Silva Saldanha, filha de Domingos da Silva Saldanha e Maria Rosa Cândida de Miranda. Não há registros acerca da vida de Manoel Diógenes.

Os filhos de Manoel Diógenes Paes Botão e Joaquina Saldanha:

3.4.5.3.1. José Osório Paes Botão, casado c/ Carminda Rosa Botão, com 8 filhos;

3.4.5.3.2. Vasco Diógenes Botão, casado c/ Bela Rosa Botão, com 4 filhos;

3.4.5.3.3. Ovídio Diógenes Paes Botão, inupto;

3.4.5.3.4. Deodato Diógenes Paes Botão, casado c/ Santana Rosa Botão, com 9 filhos;

3.4.5.3.5. Idalina Rosa Botão, casada c/ Clementino Rodrigues Pinheiro, com 7 filhos;

3.4.5.3.6. Liberata Rosa Botão, casada c/ Cândido Rodrigues Pinheiro, com 6 filhos;

3.4.5.3.7. Francisca Rosa Botão, casada c/ Luis Cornélio Paes Botão, com 5 filhos;

3.4.5.3.8. Josina Rosa Botão, casada c/ Apolitano Diógenes Paes Botão, c/ 12 filhos;

3.4.5.3.9. Marota Rosa Botão, casada c/ Francisco Carlos da Silva Saldanha, c/ 5 filhos;

3.4.5.3.10. José Diógenes Paes Botão, casado c/ Cosma Rosa Botão, esta filha de Domingos da Silva Saldanha e Maria Rosa Cândida de Miranda, com 6 filhos;

3.4.5.3.11. Napoleão Diógenes Paes Botão, casado c/ Cristina Fernandes Maia, esta filha de Diogo Alves Fernandes Maia e Carolina Gomes da Silveira (Mãe Calola), tronco comum da Família Maia.

Fontes:

LIMA, Francisco Augusto de Araújo. Famílias Cearenses 7 – IPUEIRAS dos TARGINOS, Ed. Artes Digitais, Ceará/2006.

BOTÃO, Plínio Diógenes. Genealogia das Famílias Távora, Diógenes, Pinheiro. Ed. OTS Gráfica. Ceará/2000.

domingo, 21 de março de 2010

Foto de Família - Lafaiete Diógenes Maia

Nesta foto, no centro, Lafaiete Diógenes Maia, filho de Napoleão Diógenes Paes Botão e Cristina Fernandes Maia, e seus dois filhos, à esquerda Pedro Diógenes Fernandes, e à direita, Luis Gonzaga Diógenes.

Foto de Família - Década de 1950.

Por Licurgo Nunes Quarto

Figuram, na foto acima, os seguintes parentes, da esquerda para a direita:

Na 1ª Fila: Aldair Diógenes Fernandes (Tio Dadá), Cristina Diógenes Nunes, Maria Alzir Diógenes (Tia Zizí), Maria Da Conceição Diógenes Nunes (a criança ao Lado de Mª Alzir), e Licurgo Nunes Terceiro;

Na 2ª Fila: Licurgo Nunes Júnior, Francisco Sebastião Diógenes (Seu Chiquinho), Maria Cristina Diógenes Nunes, Alzira Fernandes Diógenes (Vovó Alzira), Maria Elisa Fernandes (Mãeinha, mãe de Alzira Fernandes Diógenes) e Lafayete Diógenes Neto (Diosneto).

Na 3ª Fila: Licurgo Nunes Quarto e Severina Chaves Filha (Ceci), que, depois de casada, adotou o nome de Severina Chaves Diógenes Macêdo.

A propósito de Mãeinha, segue o texto abaixo, também de Licurgo Nunes Quarto.


MÃEINHA


MARIA ELISA FERNANDES, conhecida por “Mãeinha”, filha mais velha de Rufino Martins Ribeiro (31/07/1855 – 26/O7/1945) e de Joana Evangelista Fernandes Maia – Mãe Joaninha - (1856 – 07/07/1938).

Nasceu a 09 de julho de 1877, na Fazenda Maniçoba, pertencente aos seus pais, localizada no Município de Marcelino Vieira – RN, e faleceu em Natal, Capital do Estado do Rio Grande do Norte, a 28 de dezembro de 1964, com 87 anos de idade.

“Maria, a filha mais velha, Professora diplomada na Escola de latim fundada pelo Professor Gervásio Fernandes Bonavides, em Martins, conhecia bem a letra do legendário Tio Childerico...” ( Calazans Fernandes, em “O Guerreiro do Yaco, págs. 36 a 37 ).

Casou-se com Pedro Antonio Lopes, que era filho de Antonio Lopes da Serrinha e Hercolana Maria Lopes de Jesus.

Com pouco tempo de casados, Pedro Lopes deixa a mulher, Elisa, e a filha única, Alzira, recém-nascida, em Pau dos Ferros e segue para a Amazônia em busca de novos horizontes - trabalhar no seringal; na extração do látex extraído da seringueira, fonte para a produção da borracha natural – e à época a produção de borracha na Amazônia se vislumbrava como o novo eldorado, para onde muitos nordestinos se dirigiram em busca de novas perspectivas de vida.

Como a medicina ainda era exercida de maneira muito embrionária, associada às condições inóspitas da região, houve o aparecimento de várias doenças – como a malária – que matou inúmeras pessoas que por lá trabalhavam. E Pedro Lopes foi uma dessas vítimas.

“O povo tem razão em propalar as faculdades premonitórias de meu pai Rufino. Ele vê onde outros não vêm nada. No mesmo dia, mês e ano que Pedro Lopes, marido da filha Mãeinha, minha irmã mais velha, residente em Pau dos Ferros, acabava de falecer no seringal da Amazônia, um vulto apareceu ao meu pai no canavial da Maniçoba, para dar ciência da própria morte, ocorrida às 6 horas daquele pôr-do-sol, e pedir que informasse imediatamente à família. Meu pai fez como a aparição pediu. Somente um mês depois chegou a comunicação formal da morte do genro...” ( Calazans Fernandes, em O Guerreiro do Yaco, págs. 187 a 188 ).

Com a infausta noticia da morte do marido, Maria Elisa voltou a morar, com a filha menor, Alzira, na Fazenda Maniçoba na companhia dos seus pais Rufino/Joana e demais irmãos. Alzira, então, passou a conviver com a mãe, os avós, tios e tias.

Quando Mãeinha e Alzira chegaram na Fazenda Maniçoba, e com o desenvolver da criança, esta chamava a mãe Elisa de mãe, bem como se referia à avó Joana também de mãe, pois esse era o tratamento que ela ouvia quando as tias chamavam a mãe.

Estabeleceu-se então um acordo – por sugestão da avó Joana – de que, quando Alzira se referisse a Elisa, a chamaria de Mãeinha, e, por sua vez, quando falasse com a avó Joana, a trataria de Mãe Joaninha. Surgiram, daí, os termos “Mãeinha” e “Mãe Joaninha” que todos os descendentes tão bem conhecem.

Conviveram na citada fazenda até o dia 28 de novembro de 1914, quando, em grande festa na casa grande da Maniçoba, Alzira, com 16 anos de idade (nascida a 19 de novembro de 1898), casou-se com Lafayete Diógenes Maia, com 20 anos de idade, pois nasceu a 02 de setembro de 1894.

Transcrição “ipsis litteris” do Registro de Casamento Civil, livro II, fls. Nº 146v a 147 do Cartório de Registro Civil da Comarca de Pau dos Ferros – RN:

“Termo de Casamento. Aos vinte e oito dias do mês de Novembro de mil novecentos e quatorze, neste Sitio Manoçoba, districto Judiciário de Pau dos Ferros, na caza de residência do Capitão Rufino Martins Ribeiro, onde se achava o primeiro Juiz Districtal Francisco Rodrigues da Silva, por impedimento do Doutor Juiz de Direito da Comarca, ahi prezentes, o mesmo Juiz comigo Official effectivo e as testemunhas Domingos Diógenes e Ildebrando Diógenes Maia, a meia hora da tarde receberam-se em matrimônio LAFAYETE DIOGENES MAIS, filho legíptimo de Napoleão Diógenes Paz Botão e Chistina Fernandes Maia já falecida, solteiro, creador, com vinte annos de idade, e ALZIRA FERNANDES DA SILVA, filha legíptima de Pedro Antonio da Silva, já falecido, e de Maria Elisa Fernandes, solteira, com dezesseis annos de idade. Em firmeza do que eu, Francisco Rodrigues Fernandes, lavrei este acto que vai por todos assignados. (aa) Francisco Rodrigues da Silva, Lafayete Diógenes Maia, Alzira Fernandes da Silva, Domingos Diógenes de Carvalho, com 31 annos, casado rezidente neste município, Ildebrando Diógenes Maia, com 30 annos, creador residente Coito do Estado do Ceará”.

O Casal recém-formado foi residir na fazenda Melancia, localizada no Ceará e pertencente ao noivo Lafayete.

No dia seguinte à chegada na Fazenda Melancia, e ao constatar que Alzira não tinha a menor aptidão para as lides domésticas, sobretudo culinária, Lafayete, aproveitando a equipe de moradores e animais de Rufino que havia ido deixá-los na Melancia, e que ainda permanecia lá, mandou que voltassem à Fazenda Maniçoba, levando uma carta sua para o Rufino, avô de Alzira, onde relatava a necessidade de Maria Elisa ir morar com eles na Melancia, a fim de ensinar a Alzira as tarefas inerentes a uma dona de casa.

E assim foi feito. Maria Elisa foi para a fazenda do genro, e passou o resto da sua vida na companhia da filha, até que faleceu, em Natal, a 28 de dezembro de 1964, com 87 anos de idade.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Certidão de Batismo do Primeiro Diógenes no Brasil

Por Kennedy Diógenes

Já havia postado no blog anterior esse texto, referindo-se a um e-mail que recebi do Prof. João Felipe Trindade, meu concunhado, que é pesquisador e membro do recém criado Instituto de Genealogia do Rio Grande do Norte, tendo, como fonte, Francisco Augusto de Araújo Lima, escritor e pesquisador cearense.

No entanto, por condições técnicas, não havia conseguido incluir a fotografia do texto original do batistério, conforme postado acima, consignado em um livro eclesiástico da Arquidiocese de Natal.

Segue a transcrição da Certidão:

“Em 20 de abril de 1698 em a Capela de Sam Gonçalo do Potigi de licença minha baptizou o Padre Francisco Bezerra de Gois a Deogenes filho legitimo de Domingos Paes Botão e de sua mulher Maria da Fonseca; forão Padrinhos o Capitam João da Fonseca e Bernada da Fonseca filha da viúva Isabel Ferreira. Simão Roiz (Rodrigues) de Saa”

Interessante observar que João da Fonseca Ferreira e Domingos Paes Botão eram cunhados (a irmã de João da Fonseca era a esposa de Domingos) e ambos fundaram o município de Cascavel/CE, de acordo com o site do Estado do Ceará (http://www.ceara.com.br/m/cascavel/).

Como preconiza Augusto Lima, este é, provavelmente, primeiro Diógenes nascido em terras tupiniquins, "que deu origem à numerosa e ilustre família DIÓGENES na ribeira do Jaguaribe".

* Fonte: Prof. Francisco Augusto de Araújo Lima, pesquisador e escritor, membro do Instituto Histórico do Ceará.

Nota de Falecimento de José Ildemar Diógenes Bezerra

Por Licurgo Nunes Quarto

Faleceu, na madrugada do dia 16 de março de 2010, e foi sepultado às 17:00 horas do mesmo dia, no Cemitério Morada da Paz, em Emaús, o nosso primo JOSÉ ILDEMAR DIÓGENES BEZERRA, conhecido por DIDI.

JOSÉ ILDEMAR DIÓGENES BEZERRA era filho de Pergentino Bezerra e de Cristina Diógenes Bezerra; Neto – pelo lado materno – de José Diógenes Maia e Teresa Dantas Diógenes; bisneto de Napoleão Paz Botão Diógenes e de Cristina Diógenes Fernandes Maia. Tereza Dantas Diógenes era filha de Francisco Dantas de Araujo (grande agropecuarista e político da Região Oeste, que deu nome à Cidade de Francisco Dantas) e de Josefa Dantas de Araujo (Dona Zefinha).

Formado em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e Funcionário aposentado do Banco do Nordeste, Didi Diógenes deixou quatro filhos e um legado de honestidade, de simplicidade e de firmeza de caráter.

Tímido por excelência, mas de um jeito todo especial de tratar as pessoas, Didi fez da cordialidade uma constante no relacionamento com os amigos e parentes.

A missa de 7º dia ocorrerá no próximo dia 22, segunda feira, às 19 horas, na Igreja de São Camilo de Léllis, localizada à rua Pureza, s/n, Bairro de Lagoa Nova.

Curiosidade genealógica: Didi Diógenes era filho de Cristina Diógenes Bezerra, e neto materno do casal José Diógenes Maia e Tereza Dantas Diógenes, o qual teve uma prole de nove filhas, a saber:

1 – FRANCISCA DIÓGENES PAIVA (FRANSQUINHA) - Casada com Joaquim Paiva.
2 – CRISTINA DIÓGENES BEZERRA – Casada com Pergentino Bezerra.
3 – MARIA ADELVISE DANTAS DIÓGENES GRANJEIRO – Casada com Natanael Alves Granjeiro.
4 – ROCILDA DIÓGENES BARBOSA – Casada Alberto Miranda Barbosa
5 – ERCÍLIA DIÓGENES GARCIA (CILÔ) – Casada com José Garcia de Moraes.
6 – DEZUITE DANTAS DIÓGENES – Casada com Paulo Pessoa Diógenes
7 – EZILDA DIÓGENES ARAÚJO (DODOCA) – Casada com Edval Nunes de Araújo.
8 – MARIA GIZELDA DANTAS DIÓGENES FREITAS (XANANA) – Casada com Rosálio Freitas Nobre
9 – MARIA DIOSNECÍ DANTAS DIÓGENES.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Quatro Gerações de Mulheres Diógenes

Por Licurgo Nunes Quarto

Essa foto foi feita em 1970, onde estão, da esquerda para a direita, Alzira Fernandes Diógenes, com 72 anos; Cristina Diógenes Nunes, com 48 anos; Maria Cristina Diógenes Nunes Marcelino, com 25 anos; e Alaíde Cristina Diógenes Nunes Marcelino, com 05 anos.

Lafayete Diógenes Maia na Fazenda Melancia

Por Licurgo Nunes Quarto

Caríssimos parentes, esta foto, além de histórica, nos é muito significativa e de um valor estimativo enorme,
principalmente para os das décadas de 40, 50 e 60 (pois os nascidos
nestas épocas conviverem na Fazenda dos avós
Lafayete/Alzira). Ela retrata o nosso Avô Lafayete na "quina", no "canto" da calçada da casa grande da Fazenda Melancia, observando o gado saindo do curral, passando no terreiro - no pátio da casa grande – indo pastar na manga.

Fazenda Melancia que Lafayete tanto gostava e que, depois do seu falecimento, passou a ser administrada por nossa Avó Alzira. E aí como era gostoso passar férias na Fazenda da Avó. Como ela, coadjuvada por Maria Elisa Fernandes, nossa Bisavó, carinhosamente chamada por "Mãeinha”, tratavam bem os netos que por lá aportavam. O queijo de manteiga, feito por Mãeinha – um verdadeiro “manjar dos deuses” – ainda guardo o sabor – inigualável - e de uma palatabilidade nunca mais percebida.

A Melancia, para os menos informados, não só é uma das maiores propriedades do Alto Oeste Potiguar, como é uma das melhores, tanto para o cultivo da agricultura, como para a pecuária, pois a sua topografia, o seu relevo – constituído por terras baixas, úmidas, e altiplanos, favorece à prática da criação de bovinos, ovinos e caprinos, bem como ao cultivo de quase todas culturas agrícolas, como arroz, feijão, milho e algodão (quando ainda não existia o “bicudo”, praga que dizimou essa cultura). Com muitos "baixios", é excelente para o plantio de cana de açúcar, e, conseqüentemente, a fabricação de mel de engenho, rapadura, alfenim e batida (a qualidade da rapadura nela produzida é sem igual, e ainda hoje serve de parâmetro para as demais produzidas nas diversas fazendas existente no oeste do Estado. A rapadura produzida na Melancia, dizia minha Mãe Cristina, é "doce como mel de abelha, e amarela como bronze").

Se atentarem bem para a foto, hão de perceber uma "varanda" de madeira, com tábuas entalhadas, na vertical, uma ao lado da outra. Era "um para-peito", que delimitava – que separava - o alpendre da calçada. A referida varanda foi feita pelo mestre Casciano Vidal, que era cunhado de "Mãeinha", pois era casado com Maria Fernandes Vidal, tia "Maroca". O mestre Casciano, além de construir a casa grande da Fazenda, e a sua respectiva varanda, edificou o prédio do engenho de rapadura, tendo inclusive montado o próprio engenho (o maquinário), importado da Inglaterra. Ele também era excelente "mestre de rapadura", e, como tal, foi responsável por "tirar" (por fabricar) a referida safra por alguns anos.

A proximidade da Fazenda à Cidade de Pau dos Ferros, facilitava o escoamento dos produtos por ela produzidos, tanto é que, diariamente, e cedinho, saía uma carroça, tangida por Rubens (morador da Fazenda) com destino à urbe, levando o leite, o queijo, a carne de criação e qualquer outro insumo por lá produzido e que estivesse sobrando do consumo interno.
Segundo Lafayete Diógenes, a melancia só tinha um defeito, qual seja o de ficar localizada ao poente em relação a Pau dos Ferros, pois, quando ele vinha cedo da Melancia para Pau dos Ferros, a cavalo, encarava o sol bem de frente, e, quando voltava a tarde, “pegava” novamente o sol à sua frente. E ele, por ser branco, avermelhado, sofria muito, "queimava" muito a pele.

O Patriarca da Família Diógenes

Por Kennedy Diógenes

Revisitar o passado, baseando-se em pesquisas metodológicas e fontes primárias e originais, na busca da origem familiar, ao contrário do que possa parecer, é empolgante e surpreendente.

Há décadas, estabeleceu-se a crença de que a família Diógenes descendia do filho mais novo do Capitão Domingos Paes Botão, Diogo Diógenes Paes Botão, e da índia batizada com o nome de Antônia da Purificação, que havia sido resgatada por aquele de uma matilha de cães.

Entretanto, a possibilidade de um nobre português ter se casado com uma índia em pleno século XVIII sempre me causou estranheza, sendo dínamo da continuidade da pesquisa acerca da realidade dos fatos.

Na verdade, após confrontar a estória verbal da Origem dos Diógenes com outros dados históricos e as pesquisas bem documentadas publicadas no Livro “Famílias Cearenses 7 – Ipueiras dos Targinos”, do escritor e pesquisador cearense Francisco Augusto de Araújo Lima, membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, verifiquei que, possivelmente, estávamos redondamente enganados.

É pacífico que a estória da Família Diógenes se inicia com Domingos Paes Botão, que nasceu na Freguesia de Botão, Concelho e Distrito de Coimbra, Portugal, em data não estabelecida (possivelmente entre 1640-1660), sendo este local de nascimento a origem de seu sobrenome “Botão”, porque era comum se integrar ao seu nome o nome do lugar de onde se procedia.

O Capitão Domingos Paes Botão chegou à Colônia de Portugal na Missão dos Homens de São Francisco, comandada pelo Capitão-Mor Bartolomeu Nabo (de) Correia, entre 1682 e 1686, para um plano de ocupação do território cearense, a do Sertão-de-dentro, adquirindo uma Sesmaria, juntamente com seu cunhado, José da Fonseca Ferreira, denominada Sítio Cascavel, passada, em 20/10/1690, a Manuel Rodrigues de Bulhões, originando o atual município de Cascavel/CE.

Não há documentos encontrados que comprovem que a migração de Domingos Paes Botão (Sênior) do Sítio Cascavel tenha se motivado pelos constantes conflitos com os índios Pacajus, da Região dos Rios Açu e Jaguaribe, além dos Icós e dos Carateús, sendo estes combatidos e vencidos pelo sertanista Fernão Carrilho em 1693 e 1694, quando Capitão-Mor Interino do Ceará. Mas é fato que Domingos Paes Botão se estabeleceu em Icó/CE, após uma passagem pela pujante Aquiraz, conhecida como a primeira capital do Ceará, uma vez que foi constatada incidência de fartos documentos históricos de seus descendentes próximos neste município.

Casado com Sebastiana da Assunção Fonseca Ferreira, irmã de José da Fonseca Ferreira e Antônio da Fonseca Ferreira, Domingos Sênior (Capitão Domingos Paes Botão) e esta tiveram dois filhos, Genoveva de Assunção e Manoel Diógenes Paes Botão, além de uma enteada chamada Isabel Eça, deduzindo-se que Domingos Paes Botão tenha se casado duas vezes, com duas irmãs, Maria e Sebastiana, como era de costume nos casos de viuvez.

A primeira filha, Genoveva da Assunção, natural do Rio São Francisco, adotando o nome da mãe, como costume da época, casou-se, possivelmente em 1709 (data transmitida oralmente), com o Sargento-Mor Manoel Peixoto da Silva Távora, sesmeiro, natural da Freguesia de Távora (Santa Maria), Concelho de Arco de Valdevez, Distrito de Viana do Castelo, Portugal, e tiveram quatro filhas, quais sejam Isabel da Silva Távora, Teresa de Jesus Maria, Maria Francisca Peixota (álibi Maria d´Afonsequa) e Ana Maria de Jesus (álibi Ana Maria Peixotta), iniciando a Família Távora.

O segundo e último filho do Capitão Domingos Paes Botão e Sebastiana/Maria, Manoel Diógenes Paes Botão, é o primeiro desta linhagem a receber o nome Diógenes, sendo o patriarca desta Família. Nasceu precisamente no ano de 1698, e foi batizado na Capela de Gonçalo do Potengi, no Rio Grande do Norte, segundo Certidão de Batismo encontrada nos Livros Eclesiásticos desta Freguesia.

O Capitão Manoel Diógenes Paes Botão viveu, ora em sua Fazenda Monte Vistoso, Riacho do Sangue, Jaguaretama, ora na Região de Santa Rosa, Jaguaribara, e morreu aos 71 anos, em Icó/CE, em 14 de agosto de 1769, sendo sepultado na Igreja Matriz de N. Srª. Da Expectação do Iço. A tradição oral dá conta de que foi político influente na Região, mas suas atividades e feitos devem ser objeto de aprofundamento de pesquisa.

Casou-se, Manoel Diógenes, com Antônia da Rocha Tavares, álibi Antônia da Purificação, filha mais velha de Luís Paes Botão, natural do Reino de Angola, e Josefa Ferreira da Rocha Tavares, natural do Icó, possivelmente da etnia branca, uma vez que sua família era natural da Freguesia de Arneiroz, possuindo, ainda, mais duas irmãs e um irmão. Como antedito, normalmente a filha usava o sobrenome da mãe.

Registre-se, portanto, que a esposa do primeiro Diógenes não era índia, mas mestiça, mais provavelmente, ou negra, filha de um ex-escravo de Domingos Paes Botão (por isso seu sobrenome Paes Botão).

Da União de Manoel Diógenes e Antônia da Purificação nasceram três filhos legítimos e uma filha exposta, quais sejam: a) Diogo Paes Botão, que não há quase registros eclesiais. Possivelmente inupto; b) Cosme Diógenes Paes Botão, nascido em Icó, que viveu com Maria dos Prazeres, pais de Bernardo da Costa Pereira, casado, com geração não BOTÃO ou Diógenes. Posteriormente, Cosme Diógenes se casou com Maria Saldanha, e tiveram, como filhos, José Diógenes Paes Botão e Cornélio Diógenes Paes Botão, que continuaram a família Diógenes. Cosme Diógenes faleceu antes de 26 de novembro de 1772; c) Domingos Paes Botão Neto, nasceu em Iço, Coronel de Cavalaria do Icó, casou-se, em 23 de fevereiro de 1778, com uma parente sua (primo de 2ª grau), Teresa de Jesus Maria, Icoense, filha do Licenciado Miguel da Silva e de Teresa Maria de Jesus, esta filha de Genoveva e Manoel Peixoto da Silva Távora. Dessa união nasceram os seguintes filhos: Capitão Domingos Paes Botão Jr, Damião Diógenes Paes Botão, Antônio Paes Botão, Maria Paes Botão e Cosme Diógenes Paes Botão. Registre-se, ainda, que o Cel. Domingos Neto teve um caso com uma índia do Ceará chamada de Narcisa Dias, tendo um filho chamado de Quirino de Oliveira, que conviveu de forma pacífica com a família BOTÃO, casando-se na sua raça, com uma índia, Albina Vieira de Oliveira, com quem teve sete filhos, mas nenhum herdou o sobrenome paterno; d) Luíza de Melo Rocha, filha EXPOSTA. Há uma boa probabilidade de Luíza ser filha legítima de Manoel Diógenes, nascida antes do casamento com Antônia da Purificação. Luíza de Melo Rocha foi criada na convivência da família BOTÃO e se casou com Manoel da Silva Monteiro, tendo oito filhos, todos sem o sobrenome Diógenes e/ou Paes Botão.

Portanto, Manoel Diógenes e Antônia da Purificação e seus filhos são os primeiros membros da Família Diógenes, os primeiros Diógenes brasileiros, iniciando a saga desta família e perpetuando seu nome na História.

Fonte: LIMA, Francisco Augusto de Araújo. Famílias Cearenses 7 – IPUEIRAS dos TARGINOS, Ed. Artes Digitais, Fortaleza, 2006.