sábado, 17 de julho de 2010

Bilhete manuscrito de Lafayete Diógenes Maia

Por Licurgo Nunes Quarto

Bilhete manuscrito, do próprio punho, de Lafayete Diógenes Maia ao seu genro e compadre Lycurgo, escrito há 65 anos. Uma raridade, alem de ser uma preciosidade. Creio mesmo que é o único manuscrito de Lafayete que não sucumbiu ao tempo:

“Compadre Lycurgo

Peço avisar-me terça feira em que dia reabre-se o normal e o ginásio, pois pretendo botar o José semi-interno. Pretendo ir deixá-los em Mossoró. Queira desculpar o papel e ser a lápis, pois o que tenho na ocasião.
Do sogro, compadre a amigo
Lafayete

Em 24-2-45.”

Observações:

Ao citar José, referia-se ao seu oitavo filho, José Diógenes Sobrinho, que passaria a estudar em Mossoró, semi interno, no então Ginásio Diocesano Santa Luzia, hoje o centenário e legendário Colégio Diocesano Santa Luzia. José Diógenes ficaria morando na casa da irmã e cunhado (Cristina e Lycurgo), e, por ser semi interno, passaria o dia no colégio.

Ao se referir “o normal”, ele quis dizer ‘Escola Normal”, que era uma escola em que estudavam moças que pretendiam ser professoras. E, nela, estudava a sua filha Maria Alzir.

Quando fala em “deixá-los”, está explícito que queria dizer José Diógenes e Maria Alzir.

Portanto, Maria Alzir e José Diógenes, estudando em Mossoró e residindo na casa da irmã e cunhado Cristina/Lycurgo.

Referindo-se ao genro como “compadre”, Lafayete exercia o direito de fazê-lo, uma vez que Lycurgo era o padrinho de crisma de Francisco Sebastião Diógenes, seu Chiquinho, o filho caçula.

Outra constatação que se faz da transcrição do bilhete é que ele, ao assinar, o faz com um “Y” (ípsilon), dirimindo qualquer dúvida quanto à grafia correta do seu nome.

Olhando-se com atenção à data do bilhete transcrito – 24/02/1945 – constata-se que o mesmo foi escrito vinte dias antes do seu falecimento, uma vez que este ocorreu a 13 de março de 1945.

Cristina, por estar cuidando da sua filha Maria Cristina, recém-nascida, pois estava com apenas dois meses de idade (haja vista que nasceu a 13 de janeiro de 1945), e, portanto, sem condições de se ausentar de casa, mandou que José Diógenes e Maria Alzir acompanhassem o pai Lafayete até à estação ferroviária, a fim de que ele embarcasse de volta à Melancia. Foi nesse momento, então, que Lafayete, ao chegar à aludida estação de trem, sofrendo um infarto fulminante, foi a óbito, na presença dos filhos menores Maria Alzir Diógenes (com 18 anos) e José Diógenes Sobrinho (com 15 anos).

Um comentário:

  1. Histórias que só nos chegaram pela tradição oral de nossos pais, se incorporam ao nosso patrimônio moral com a mesma força que teria se as houvéssemos vivido diretamente.

    Parabéns os que mantém acesas as lanternas sobre nosso passado.

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